sexta-feira, 26 de julho de 2013

há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua

"Pelo fato da vida ser, relativamente, tão curta e não comportar “reprises”, para emendarmos nossos erros, somos forçados a agir, na maior parte das vezes, por impulsos, em especial nos atos que tendem a determinar nosso futuro. Somos como atores convocados a representar uma tragédia (ou comédia), sem ter feito um único ensaio, apenas com uma ligeira e apressada leitura do script. Nunca saberemos, de fato, se a intuição que nos determinou seguir certo sentimento foi correta ou não. Não há tempo para essa verificação. Por isso, precisamos cuidar das nossas emoções com carinho muito especial.

[...] A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e mais ambígua de todas as contradições."

Milan Kundera - A Insustentável leveza do ser



eu deixo e recebo um tanto de um tanto comum que passa por mim e que me rouba um pedaço.
sou da escala da minha vontade, do meu sonho do meu passo.
quem pode julgar o desperdício das minhas únicas chances de sentir um calafrio na espinha,
num desejo desesperado de vida?
o mistério é o movimento cíclico das coisas;
a dicotomia doente da escolha;
é o ponto de equilibrio do desejo de ficar.

é, foi, será e fica sendo o egoísmo verdadeiro.

sábado, 6 de abril de 2013

tfg

Etapas, ciclos. Tudo uma hora se encerra para que uma nova etapa comece, dando continuidade nessa roda grande e viva que é a vida.
É estranho o apego que temos em momentos. Momentos são coisas inconstantes; são imateriais, presenciais, previstos e imprevistos impreterivelmente.

Mas o mais chatinho dessa coisa da vida é quem vai saindo do caminho. Uns até demoram pra ir, mas uns saem sem falar tchau, saem devagarinho, silenciosamente e de repente não estão mais na nossa rotina. Não estão mais no Tião, nem nos corredores, nem no almoço no RU. Vão estar em lugares ermos, com conversas repletas de nostalgias e de saudade.
Mesmo que permaneçam, não estarão mais. Sairão em busca de novos ares, de novos e frescos ventos de novidade e de planos. Quem fica, vive até esperar o fechamento daquele ciclo. Fica naquele marasmo obsoleto que é fresco para os novos. Novos que iniciam seus ciclos no fim do dos outros e por ai vai.

Vou sentir saudade das pessoas que encerram essa etapa antes de mim. Vou sentir saudade principalmente por não ter certeza de que elas vão continuar na minha vida na nova etapa delas.

Mas pelo menos sei que os momentos, que é aquela coisa imaterial já dita, vão se eternizar em saudades que serão lembradas por todo o resto de uma vida, podem ter certeza disso.


Para as minhas queridas formandas: Locaperigosa, Lolo e Audreyaudrey.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A felicidade que se faz presente.

O que sempre me trouxe aqui, vinha acompanhado de algumas lágrimas e de muitos lamentos. Sempre me senti mais inspirada com a tristeza do que com a felicidade, o que também não me classifica como amante do mal do século. Enfim, hoje quero escrever pra ela: a felicidade.
Meu ilustríssimo conterrâneo assim a define:

"Felicidade se acha é em horinhas de descuido."
Guimarães Rosa


E haja descuido nesse momento! Descuido no falar, no olhar, no estar, no sonhar e em todos os infinitivos possíveis.
Não falo só da felicidade inflamada de uma paixão nova. Não. Falo de uma felicidade inundada de passado e de história.
Coisa concreta, coisa com o pé no chão. Que acredita, que sente, que vê.
Estar feliz é estar em paz, livre de inseguranças e de medos ou então pelo menos, tranquilo em um momento de tribulação.

Hoje, pra mim, ser feliz significa um modo ativado de vida.
-É ter o teu braço me segurando nos meus vôos mais absurdos;
-É ter o seu olhar de admiração quando eu falo uma bobagem;
-É ter confiança na minha continuidade em você;
-É não depender de você pra ser feliz, é sê-lo consequentemente.

Me sinto feliz de verdade, como não sentia há pelo menos uns 10 anos atrás. Sim, 10 anos.
E é por você que hoje canto essa alegria de viver.

Obrigada, "coração".


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ao desamor

Brinco de desamores mesmo quando os mesmos
não sabem ser elegantes.
Aceitam, fingem, brigam.
- Não vê, não ouve e nem fala.

"Quem foi que disse que o amor existe
e que não amar é sofrer?"
Quanta bobagem!
Quanta ilusão em tão poucas palavras.

Do "amor" (entre ásperas aspas) sabe-se que dói,
que machuca, para depois nem sê-lo mais.
Depois da forte paixão e com tanta lamúria,
vem a apatia, o desgosto e a des-vontade.

Se eu pudesse, mesmo que por uma única vez,
me preservaria dessa enrascada humana
e me colocaria como observadora desses pecados.
Talvez assim entenderia aonde os amantes deixam as saudades,
e os contentamentos.

Coitado daquele que se apaixona pelo eterno efêmero.
Ao Amor; ao literal, real e sem aspas Amor,
cabe mais que ânsia, mais que instintos humanos:

- Cabe toda felicidade e divindade,
verdadeiramente insuportável à razão mundana.