segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

e num último suspiro doce
de uma tarde, tarde.

-calmo, canto, sopro, pranto-,
ele se escondeu, inebriadamente,
em um pote de pecado.

quis correr,
não havia tempo.

quis voltar,
já era tarde.

teve fome

e do último beijo cândido,

se alimentou.



[em um momento de tensão com cálculos, vem a poesia]

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

" Vivo minha vida aprendendo sem parar,
às vezes dói, às vezes encanta."


Lina Bo Bardi
Um dos trabalhos do semestre na disciplina de Teoria e História da Arquitetura e das Artes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFU, ministrada pelo admirável Profº Dr. Lu de Laurentz (homem, cultura e arte!), foi um plano de pesquisa. O nosso está logo abaixo... a quem interessar!


Arquitetura e Habitação Social

A política habitacional do governo militar sofre um retrocesso com relação a qualidade dos projetos de habitação social observados nos períodos anteriores. Rompe a ligação entre arquitetura, urbanismo e habitação causando repercussões negativas estética e projetualmente em um quadro que ainda hoje se observa.

Hipóteses

3.1) A incorporação parcial da arquitetura moderna teve como conseqüência o empobrecimento gradativo dos projetos habitacionais na década de 1960;
3.2) A partir da massiva produção implementada pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) introduz-se um suposto racionalismo formal desprovido de conteúdo consubstanciado em projetos de péssima qualidade (monótonos e repetitivos) desvinculados do contexto urbano e desarticulados de um projeto social;
3.3) Desvinculou-se o arquiteto de todo o processo da construção civil;
3.4 ) As unidades habitacionais nos conjuntos dos IAPs foram privatizadas havendo assim uma individualização das propriedades. Foi desarticulada a idéia de habitação como um serviço público e a arquitetura não resistiu à mudança da concepção.

As iniciativas tomadas pelos governos da República Velha (1889-1930) no
sentido de produzir habitação ou de regulamentar o mercado de locação
residencial são praticamente nulas.
Fiel ao liberalismo predominante, o Estado privilegiava a produção privada e recusava a intervenção direta no âmbito da construção de casas para os trabalhadores.
A produção da moradia operária no período de implantação e consolidação das
relações de produção capitalistas e de criação do mercado de trabalho livre, que
corresponde aos primórdios do regime republicano, era uma atividade exercida
pela iniciativa privada, objetivando basicamente a obtenção de rendimentos pelo
investimento na construção ou aquisição de casas de aluguel.É neste contexto que se inseria a intensa produção habitacional realizada pela iniciativa privada para locação/aluguel como forma básica de acesso a moradia inexistindo qualquer mecanismo de financiamento para aquisição da casa própria.
Nos primeiros anos da república o êxodo rural e o inicio de um processo de urbanização acarretou um excedente populacional e conseqüentemente um déficit habitacional. Nesse contexto a produção de casas e cortiços atendeu parcialmente, do ponto de vista quantitativo, às necessidades da população.
Este relativo equilíbrio entre oferta e procura de habitação, no entanto, era proporcionado graças à produção ou adaptação para moradia popular de pequenas células insalubres, de área reduzida e de precárias condições habitacionais.




A partir de 1930 com o governo populista de Getulio Vargas o Estado começa a interferir na questão da habitação social com o interesse subjetivo de atrair o apoio das massas dando início a uma ainda incipiente política habitacional no país. Porém não chegaram a formular uma política habitacional articulada e coerente.
Não houve, efetivamente, a estruturação de uma estratégia para enfrentar o problema nem a delegação de poder a um órgão encarregado de coordenar a implementação de uma política habitacional em todos seus aspectos e, menos ainda, uma ação articulada entre os vários órgãos e ministérios.
A Fundação da Casa Popular, uma resposta do Estado à crise de moradia no pós-guerra, é o melhor exemplo desta ausência de política. O Estado brasileiro assume, portanto o problema da habitação como uma questão social, porém de forma desarticulada, posto que eram emanadas de diferentes órgãos e interesses políticos.
O resultado é a ausência de uma política centralizada e o surgimento de uma
colcha de retalhos de intervenções.
A proposta da Fundação da Casa Popular revelava objetivos surpreendentemente amplos. Ela se propunha a financiar. além de moradia, infra-estrutura e saneamento básico.
O fracasso da mesma como órgão central e coordenador de uma emergente política habitacional, no entanto, não obscurece o fato de que sua criação, como o primeiro órgão nacional destinado exclusivamente à provisão de moradias para a população de baixa renda, representou o reconhecimento de que o Estado brasileiro tinha obrigação de enfrentar, através de uma intervenção direta, o grave problema da falta de moradias.



Uma das mais importantes medidas implementadas para a problemática da moradia foi a Lei do inquilinato - decreto que em 1942, institui o congelamento dos valores
locativos e regulamenta as relações entre proprietários e inquilinos-, porém a repercussão dessa lei ocasionou uma seqüência de despejos, possibilitados pelas frestas na lei, e aumentou o sonho da casa própria por parte da massa operara que se viu em um contexto de instabilidade.
O governo vê então a possibilidade de implementar a difusão da pequena propriedade, almejada pela política desenvolvimentista.
Uma medida para enfrentar o problema habitacional no período são os conjuntos construídos pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) que contavam com o envolvimento de arquitetos que adotavam a atitude de projeto concebida pelo movimento moderno buscando compatibilizar economia, pratica, técnica e estética com o objetivo de viabilizar financeiramente o atendimento de trabalhadores de baixa renda garantindo dignidade e qualidade arquitetônica.
Numa próxima fase, com a implementação do governo militar e a sua conseqüente política habitacional (BNH – Banco Nacional de Habitação), os projetos ligados a interesses de habitação social se desconfiguraram projetualmente por se tratarem de obras em massa que pouco se preocupam com o bem estar ao habitar e sim com o baixo custo de mão de obra e de materiais, uma vez que sua produção se dá em quantidade significativa.
Essa problemática acaba se refletindo na paisagem urbana, gerando uma imagem esteticamente desagradável das cidades como espaço público e é perdida a concepção de habitação como serviço público presente no discurso de muitos arquitetos atuantes no período anterior ao golpe militar, que se tratava de um dos indicadores da relação entre os projetos de habitação e a perspectiva de transformação social.

Hoje temos anda refletido no quadro da habitação social, essa desarticulação entre esta e a arquitetura.

“ A recuperação e análise da produção do período anterior ao BNH – reavaliando a influência do movimento moderno – te, no presente, grande relevância para repensar a relação entre arquitetura, urbanismo e habitação. Isto porque a partir de 1964 ocorreu um divórcio entre arquitetura e moradia popular com graves repercussões na qualidade do espaço urbano. ”

Bibliografia

BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
ARANTES, Pedro Fiori. ARQUITETURA NOVA : Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de Artigas aos mutirões. São Paulo: Ed. 34, 2002.



[Plano de pesquisa - Teoria e História da Arquitetura e Das Artes - Profº Dr. Lu de Laurentz - Alunas: Rafaela Borsato e Gabriela Ribeiro]
dos sonhos, dos planos.

as angústias se somam a fatos
estranhos e inacabados.

a parede remete a momentos remotos
e o sofá
a sensações escuras.

minha lembrança consciente
está estática e inerte
- não acredita,
não vê,
nem sente -

as idéias se tornam imprudentes
e a esperança
dói e aperta.

minha melhor (e única) companhia é a ansiedade
-rebate os fatos-
e me afasta daqui.

19/10/2009
a imagem no espelho não é mais a mesma.

nem os pensamentos mais certos.

e nem as idéias [fixas] são as mesmas.

nem mesmo papel sobre a mesa
ou o fio de cabelo no chão.

tudo
tudo parou


pra ouvir a sinistra inquietude


do relógio da vida.

domingo, 13 de dezembro de 2009


João Batista Vilanova Artigas, nasceu em Curitiba, em 1915. Formou-se engenheiro-arquiteto em 1937 pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na qual iniciou em 1940 sua carreira docente. A sua presença na USP está estreitamente ligada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que ajudou a fundar em 1948. Na FAU, destacou-se não apenas na atividade pedagógica, mas empenhou-se nos processos de revisão e reformulação curricular da escola, elaborando em 1961 o projeto de sua nova sede na Cidade Universitária.
Foi o único dentre os grandes mestres brasileiros da arquitetura do século XX que viveu a profissão na eterna bifurcação do ateliê com a vida pública e universitária. Um dos poucos que descobriu a dimensão profundamente política do ensino e do trabalho da arquitetura, fundindo ao exercício do métier um senso agudo de responsabilidade social. Era membro do Partido Comunista Brasileiro, o que lhe causou problemas com o governo militar durante a Ditadura - que caçou seus direitos políticos e o forçou a aposentar-se da Universidade.
Artigas trabalhou com grandes arquitetos no Brasil, como Gregori Warchavchik e Oswaldo Bratke, e sua obra foi fortemente influenciada por Frank Lloyd Wright, num primeiro momento, Le Corbusier e Gropius. Entre seus projetos mais célebres estão a rodoviária de Londrina (1948-52), o estádio do Morumbi (1952), o Ginásio de Itanhaém (1959) e a rodoviária de Jaú (1973). Falece em 1985.

(seminário sobre arquitetos da disciplina de Atelie de Projeto Integrado I)